Veículos elétricos estão ganhando as ruas. Em 2024, o Brasil registrou mais de 150 mil emplacamentos de modelos eletrificados, segundo a ABVE.
Mas enquanto as vendas crescem, uma dúvida começa a rondar quem vive da manutenção: como fica a reposição de peças nesse novo cenário?
Se você trabalha com oficina, autopeças ou distribuição, já percebeu que esse movimento vai além da vitrine das montadoras. Tem peça que some, tem componente que aparece, e tem cliente que chega com dúvida até na hora de trocar o freio.
A pergunta é simples: sua empresa está preparada para atender um carro que quase não tem escapamento, correia ou troca de óleo? Se a resposta for “ainda não”, calma.
O bate papo de hoje vai te mostrar, sem enrolação, o que muda, o que continua e onde estão as oportunidades.
Bora entender?
Menos peças, mais eletrônica: como muda a estrutura dos elétricos
Abra o capô de um carro elétrico e a diferença salta aos olhos. Cadê o motor barulhento? Cadê o reservatório do óleo do câmbio? E a correia dentada?
Sumiram. Literalmente.
A manutenção de veículos elétricos rompe com tudo que o setor automotivo conhecia nas últimas décadas.
Um motor elétrico tem cerca de 20 componentes móveis, contra mais de 200 em um motor a combustão. Isso significa menos atrito, menos desgaste e, claro, menos manutenção tradicional.
Mas se sai a graxa, entra o chip. Em vez de consertar falhas mecânicas, os reparadores vão lidar cada vez mais com diagnóstico eletrônico, módulos de controle, atualizações de software e sistemas de sensores integrados.
E sim, qualquer pane pode estar em uma linha de código, não em uma peça solta.
A oficina que quiser continuar relevante precisa entender de elétrica avançada, sim, mas também de leitura de scanner, interpretação de códigos e integração de sistemas.
O que sai e o que entra na manutenção elétrica
Sai da oficina | Entra na oficina |
---|---|
Troca de óleo | Atualização de software |
Correia dentada | Diagnóstico via scanner |
Filtro de combustível | Análise de bateria e seus módulos |
Velas de ignição | Checagem de inversores e conversores |
Embreagem e câmbio | Inspeção de sistemas de regeneração |
Escapamento | Monitoramento de sistemas térmicos |
Essa transformação exige investimento em equipamentos de diagnóstico, treinamento especializado e até mudanças no layout da oficina. Uma boa bancada para eletrônica será mais útil do que um elevador hidráulico de grande porte, por exemplo.
E não pense que isso é coisa do futuro. Já tem mecânico no Brasil recusando atendimento por falta de preparo técnico.
Enquanto isso, quem se adianta, fatura com exclusividade.
Você está pronto para abrir o scanner e trocar o alicate pelo notebook?
O que muda na rotina das oficinas e reparadores automotivos
A rotina das oficinas mecânicas está mudando, e não é pouco. O mecânico de hoje precisa saber mais do que trocar pastilhas e regular válvula. Precisa entender de sistema de alta voltagem, rastreadores eletrônicos e até de protocolos de segurança para lidar com baterias.
No veículo elétrico, boa parte da manutenção que antes garantia fluxo constante de serviço… desaparece. Escapamento, embreagem, filtro de ar do motor, vela, câmbio, tudo isso sai do jogo.
O que entra? Bateria de alta tensão, sistemas regenerativos de freio, inversores, conectores, circuitos, módulos eletrônicos. Em vez de graxa e chave inglesa, o cenário agora inclui luvas isolantes, multímetros e scanners de diagnóstico.
Como as oficinas estão se adaptando?
Algumas mudanças já começaram a aparecer nas oficinas mais antenadas:
- Criação de áreas isoladas para alta voltagem, com sinalização de risco e EPI adequado.
- Compra de scanners automotivos com leitura para modelos elétricos e híbridos.
- Treinamentos com fabricantes ou entidades como SENAI, Bosch Service, etc.
- Reorganização de espaço físico, com menos foco em motores e mais em bancadas técnicas.
E o mecânico? Como se preparar?
O profissional que só conhece motores a combustão pode se ver, em breve, com um mercado cada vez menor à disposição.
Por isso:
- Comece com cursos introdutórios sobre sistemas elétricos veiculares
- Aprenda sobre segurança em alta tensão (trabalhar com baterias exige protocolos)
- Fique por dentro de novas ferramentas e padrões de conectores
- Participe de feiras e eventos técnicos como a Autopar, onde o contato direto com fornecedores e fabricantes acelera o aprendizado
Essa virada não é só técnica. Também é comercial.
O reparador que domina os elétricos pode cobrar mais por menos visitas, já que a especialização é o novo diferencial.
Se antes bastava ter um bom atendimento e um elevador, hoje é preciso ter conhecimento técnico e software licenciado.
A pergunta é: você vai esperar o cliente ir embora ou vai se tornar referência nesse novo mercado?
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Distribuidores e autopeças: como se adaptar a esse novo cenário
Quem trabalha com distribuição de autopeças já entendeu: o estoque que rodava bem há cinco anos não garante mais o mesmo giro.
O mercado de autopeças elétrico exige outra lógica, e quem não se adaptar vai sobrar.
A principal mudança está na quantidade e no tipo de peças. Um veículo elétrico dispensa mais de 40 itens comuns em carros a combustão. Isso reduz a demanda por filtros, sistemas de exaustão, componentes de motor e transmissão.
Resultado? Estoque parado, se não houver revisão da curva de demanda.
Por outro lado, surgem novas categorias com alto valor agregado: baterias modulares, inversores, cabos de alta tensão, sensores de carga, placas de controle, conectores, módulos térmicos e por aí vai.
Não são itens de giro rápido, mas têm margem maior e exigem distribuição técnica, não apenas logística.
Estratégias para quem quer continuar relevante
- Revisar o mix de produtos: priorizar peças de veículos elétricos e híbridos que já têm presença no mercado nacional (ex: BYD, GWM, Renault, Volvo).
- Firmar parcerias com fornecedores especializados: muitas das marcas que produzem componentes para EVs ainda são novas no Brasil. Estar entre os primeiros a representá-las pode abrir portas.
- Oferecer suporte técnico ao varejo: EVs ainda geram dúvidas. Distribuidores que capacitam balconistas e mecânicos ganham vantagem competitiva.
- Apostar em estoque inteligente e digitalizado: plataformas com rastreamento de demanda em tempo real ajudam a evitar compras mal planejadas e otimizam a rotação.
- Estar presente nas feiras certas: eventos como a Autopar reúnem os lançamentos, tendências e fornecedores de todo o Brasil. É o tipo de ambiente que acelera negócios e atualizações técnicas.
Essa mudança não é passageira. A frota elétrica cresce e, com ela, a exigência por um novo perfil de distribuidor: mais técnico, mais estratégico e menos baseado no modelo tradicional de empurrar volume.
A pergunta que vale agora é: você vai esperar sobrar peça na prateleira ou se antecipar e vender o que os outros ainda não têm?
Fabricantes de autopeças: o novo papel na cadeia automotiva
A indústria de autopeças está passando por uma transformação significativa com a ascensão dos veículos elétricos. Componentes tradicionais estão sendo substituídos por peças elétricas automotivas mais sofisticadas, exigindo inovação e adaptação por parte dos fabricantes.
Empresas estabelecidas estão investindo em pesquisa e desenvolvimento para atender às novas demandas.
Por exemplo, a Valeo no Brasil possui 12 sites de produção e três centros de P&D, focados em soluções de eletrificação e mobilidade digital.
Além disso, startups estão emergindo com propostas inovadoras.
A Mecanizou, por exemplo, desenvolveu uma plataforma que conecta oficinas a fornecedores de peças automotivas por meio de inteligência embarcada, otimizando a cadeia de suprimentos.
Projetos estruturantes também estão em andamento. Mais de 30 empresas, incluindo startups, estão envolvidas em iniciativas do SENAI e da Embrapii para desenvolver baterias de lítio e reaproveitar autopeças, com recursos do Programa Mover.
Essa reconfiguração da cadeia automotiva exige que os fabricantes de autopeças invistam em novas tecnologias, estabeleçam parcerias estratégicas e se adaptem às mudanças do mercado para permanecerem competitivos.
O papel das feiras automotivas no avanço da reposição elétrica
Na prática, quem dita os próximos passos do setor não está apenas online, está nos corredores de uma boa feira de autopeças. É ali, cara a cara, que as novidades ganham vida e que quem vende e quem compra se encontram para fechar negócios, entender o mercado e enxergar tendências de verdade.
A Autopar, maior feira de autopeças da América Latina nos anos pares, é um exemplo claro de como os eventos do setor automotivo estão ajudando a preparar o mercado para os elétricos.
Na edição de 2024, foram mais de 72 mil visitantes profissionais e mais de 500 marcas expositoras, muitas delas apresentando soluções específicas para veículos eletrificados.
Não é só sobre visibilidade, é sobre relacionamento. É onde o dono da oficina conversa com o fornecedor de scanner. Onde o distribuidor encontra um novo fabricante de peças elétricas. Onde o técnico testa o produto ali, na bancada do estande.
Por que participar?
- Se você é expositor: sua marca precisa estar onde o setor se move. Quem chega primeiro na conversa sobre elétricos, sai na frente na hora de vender.
- Se você é visitante: essa é a chance de ver de perto as peças que vão mudar seu balcão, sua oficina ou sua estratégia comercial.
A Autopar não é um evento qualquer. É um ponto de virada. E você pode fazer parte disso.
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Conclusão: o mercado está mudando, e quem se move primeiro, lidera
A reposição automotiva está mudando junto com os carros.
E quem atua no setor, seja na oficina, na autopeça ou na distribuição, precisa decidir: acompanhar ou liderar?
A boa notícia? Você já começou. Só de chegar até aqui, já está um passo à frente de muita gente que ainda nem percebeu o que está mudando.
Mas agora é hora de agir. Participar da próxima edição da Autopar pode ser o movimento que vai colocar sua marca no mapa da mobilidade elétrica.
Seja para expor, seja para visitar, a feira é o ponto de encontro de quem quer fazer parte do futuro da manutenção automotiva.
Quer saber como participar?
Entre em contato com a equipe da Diretriz Feiras e Eventos e descubra como transformar esse novo cenário em resultado para o seu negócio.